Camilo inicia diálogo com governo Bolsonaro pela área de segurança pública


O governador Camilo Santana (PT) iniciou os esforços de aproximação com a equipe do governo de Jair Bolsonaro (PSL), de olho no segundo mandato que assume à frente do Estado, a partir de janeiro. “Calcanhar de Aquiles” da sua gestão até aqui, a Segurança Pública foi a porta de entrada do governador na nova equipe presidencial: o futuro ministro da Justiça Sérgio Moro e general Theophilo, que deve ocupar o cargo de secretário Nacional de Segurança Pública, curiosamente, adversário do petista na campanha.
O encontro, segundo Camilo, foi cordial e teve pedido de ambas as partes. A Moro, Camilo fez um apelo para que ele escute os governadores na formulação das políticas públicas para a Segurança e que dialogue antes de mandar ao Congresso o pacote de mudanças que dependem da aprovação dos parlamentares.
De Theophilo, Camilo ouviu pedido de liberação de militares do Ceará para compor a Força Nacional de Segurança, pedido também prontamente atendido pelo governador. “Foi um diálogo muito bom. A Segurança é uma área que precisa de mais investimentos e o diálogo neste momento é fundamental”, disse o chefe do Executivo cearense. 
O primeiro contato com membros do governo - Camilo ainda não se encontrou com Jair Bolsonaro após a eleição - foi positivo. Entretanto, quando o assunto é a formação de uma interlocução direta com o Planalto, o governador demonstra que ainda não há decisão sobre o assunto. “Ainda está muito cedo. Vamos aguardar, né?”, afirmou.
Contato
No Fórum dos governadores realizado em Brasília, na última quarta-feira (12), o Chefe do Executivo já tinha se aproximado do general Theophilo. Os dois já tinham se falado por telefone logo que o militar foi escolhido para o cargo. Na ocasião, Camilo pediu, em tom de brincadeira, que ele fosse o primeiro governador a ser recebido no gabinete do futuro secretário. 
“Quando ele ganhou a eleição eu liguei parabenizando e quando ele me ligou achei gentil da parte dele. Acho que agora o momento é da gente se ajudar, está todo mundo junto. Estou muito preocupado com a questão da segurança no País, em especial do nosso Estado. Falei com o delegado André (secretário estadual de segurança), me colocando à disposição para ajudar”. 
Segundo Theophilo, Camilo foi “totalmente receptivo” ao pedido dele de liberar, eventualmente, policiais que ele selecionasse para compor a Secretaria Nacional de Segurança. O coronel da PM do Ceará, Aginaldo Oliveira, é um dos agentes que estão no radar de Theophilo. 
Aliados 
Com o PT na oposição ao futuro governo Bolsonaro, Camilo precisará mais do que nunca de interlocutores que o ajudem a destravar recursos para o Estado. Pensando em ocupar esse posto, mesmo ainda sem tanta envergadura, deputados federais eleitos e reeleitos da base de Camilo tentam se aproximar de Bolsonaro, de olho em pleitear, de um lado e de outro, as demandas dos municípios que representam. Vários parlamentares cearenses têm se reunido com a cúpula estadual do PSL para formar uma base de apoio ao presidente eleito na Câmara Federal. 
Apesar do seu partido ainda não ter declarado apoio formal a Bolsonaro, o deputado federal Genecias Noronha, presidente do Solidariedade no Estado, garante que vai usar da influência que tem junto ao novo Governo para ajudar o Ceará. “Tenho amigos do Governo, que já estão ministros, ou estão para serem secretários, então eu já vou ajudar o Governo Camilo. Já que não teremos mais o Eunício, que é uma grande força política”. 
Já o PR, partido do deputado federal eleito Jaziel Pereira, anunciou que integrará a base do futuro presidente. O futuro parlamentar se dispõe a ser uma “ponte” entre o Governo Camilo e a União. 
“O próprio Onyx (futuro ministro-chefe da Casa Civil), na conversa que tivemos, disse que está disposto a trabalhar com os deputados, levando as condições para os seus estados. Não se cobrou nada dele a não ser que não haja nenhuma retaliação”. 
O presidente estadual do PP, deputado federal eleito Antônio José Albuquerque diz que “administrativamente” tem que atuar e pensar no Ceará e no Brasil.


Diário do Nordeste

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