O agricultor João Batista Tavares (71), assim como milhares de outros pais de família do Interior cearense que vivem no campo, criou os quatro filhos plantando milho, feijão, hortaliças e frutas variadas. Em 2001, a possibilidade de empreender veio com a proposta de plantar pimenta do tipo tabasco.
A espécie é originária da América Central e ganhou fama mundo afora
por ser utilizada em molhos, bastante apreciados por sua ardência, e
comercializados há mais de 125 anos. Na época, o novo cultivo atraiu
outros agricultores de Forquilha, na região Norte do Estado, que
investiram na novidade, por cerca de dois anos. O produto tinha
compradores certos que exportavam a pimenta já moída.
Com a subida do dólar e dos insumos, o investimento foi ficando caro,
e produzir pimenta se tornou um negócio praticamente sem retorno
financeiro, até que o cultivo cessou por completo, deixando apenas boas
lembranças. "Foram dois anos muitos bons, de retorno financeiro e
crescimento para quem investiu na pimenta", recorda João Batista.
Realmente, o tempo não pode voltar atrás, mas a vontade de trabalhar
com esse tipo de plantio, na verdade, nunca foi esquecida pelo
agricultor. Tanto que, neste ano, depois de colher o feijão, João
Batista limpou um pequeno terreno de 0,15 hectares e lançou na terra 860
mudas, aproveitando a infraestrutura que ainda estava de pé do antigo
plantio, como duas caixas d'água e também um motor.
"Nós estamos fazendo um teste, se tudo der certo, nós vamos aumentar a
área e a quantidade de mudas", planeja o agricultor, que investiu cerca
de R$ 1.000 com a instalação de um cacimbão próximo ao cultivo e 800
metros de mangueira, já que a técnica empregada é a do gotejamento. A
expectativa é de obter uma média de R$ 4 mil de retorno financeiro, no
período da colheita, programada para se iniciar dentro de 7 meses.
Procurados neste ano por novos compradores do produto, com apoio da
Secretaria de Agricultura de Forquilha, outros quatro produtores, assim
como João Batista, resolveram retomar as atividades. Ao todo, 5 mil pés
foram plantados no Município. A expectativa é que cerca de 25 mil quilos
de pimenta tabasco sejam colhidos ao fim da cultura.
Emprego
De acordo com o zootecnista Edilberto Machado, está prevista uma
média de dois anos de produção inicial. "Nosso comprador, que tem uma
fábrica de molho em Fortaleza oferece R$ 3,50, pelo quilo de pimenta;
mas esperamos que tenhamos outras apostas no futuro, inclusive de outros
estados", diz Machado, que idealiza a ampliação das atividades.
"Pensamos em implantar uma miniusina de produção de molho para
agregarmos valor, já que a pimenta tabasco é valorizada nos mercados
interno e externo".
Diário do Nordeste
Diário do Nordeste
Comentários
Postar um comentário