O Ceará detém, da região Nordeste, o terceiro menor percentual de desalentados, isto é, pessoas que desistem de ingressar no mercado de trabalho ou retomar alguma ocupação para ter renda. Entre abril e junho deste ano, 368 mil trabalhadores cearenses estavam nessa situação contra 329 mil no trimestre anterior, um avanço de 11,8%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Nordeste, são 2.911.000 pessoas na situação.
As mulheres, parte da população da Região Nordeste, pessoas com baixa
escolaridade, jovens adultos (de 18 a 24 anos) e pessoas que não são
chefes de família são os grupos sociais que mais desistem de ingressar
no mercado de trabalho.
Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), que se avaliou os microdados extraídos da Pesquisa
Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), feita pelo
IBGE, relativos ao 2º trimestre de 2018. No período, 4,833 milhões de
pessoas desocupadas deixaram de procurar trabalho, 203 mil mais do que
no trimestre anterior. O Ipea observa que dessas, 59% moram no Nordeste,
54,3% são mulheres, 50% não concluíram o ensino fundamental e quase 70%
não são chefes de família.
No Ceará, o atual contingente de 368 mil desalentados é o maior da
série histórica, iniciada em 2012. Antes, 355 mil haviam sido observados
entre julho e setembro do ano passado. Já o menor patamar dessas
pessoas foi registrado no último trimestre de 2013, quando o número não
passava de 159 mil.
Uma das principais causas para essa tendência de crescimento é o
prolongamento do tempo que as pessoas ficam desempregadas, segundo o
analista de Mercado de Trabalho do Instituto de Desenvolvimento do
Trabalho (IDT), Erle Mesquita.
"Aqui no Ceará, a cada cinco trabalhadores desempregados, um já está
nessa situação há mais de um ano. Então as pessoas começam a desistir de
procurar, porque acham que não vão encontrar", explica.
O analista acrescenta que essa situação é frequentemente registrada
entre os jovens. No caso das mulheres, a gravidez precoce é um fator
decisivo para que elas entrem para essa estatística. "A gravidez de
certa forma é algo temporário porque só dura nove meses, mas é um fato
que marca e muda completamente a vida dessas meninas, que muitas vezes
não conseguem nem terminar o ciclo dos estudos", pontua.
Diário do Nordeste
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