Líder nacional no mercado de massas e biscoitos, mas ainda com 70% das vendas concentradas na região Nordeste, a cearense M. Dias Branco deu, ontem, um passo importante para aumentar sua participação na região Sudeste, ao acertar a compra de 100% da fluminense Piraquê, em um negócio avaliado em R$ 1,55 bilhão, incluindo dívidas. O negócio entre as duas empresas é a maior transação financeira já registrada do setor de biscoitos.
"Creio que esse tenha sido o maior investimento feito por uma empresa
do Ceará", destacou o vice-presidente de Investimentos e Controladoria
do Grupo M. Dias Branco, Geraldo Luciano Mattos Júnior.
No fim de 2016, a americana Kellogg investiu R$ 1,4 bilhão para comprar
outra força regional no setor, a catarinense Parati, conhecida pelos
biscoitos de mesmo nome. Em 2011, a Pepsico havia comprado a Mabel, por
cerca de R$ 800 milhões.
Incremento
Os atuais sócios da Piraquê vão sair totalmente do negócio, e a cearense assumirá as fábricas e também a gestão da marca.
Em fato relevante divulgado ontem, a empresa diz ainda que a aquisição
visa ao incremento de seu portfólio com "produtos de alto valor
agregado". A operação será concluída apenas após a aprovação do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade), autarquia vinculada ao
Ministério da Justiça.
Prazo
"O prazo legal do Cade é 330 dias, mas esse período é mais para
operações de alta complexidade", destaca Mattos. "Existe o prazo legal,
mas a nossa expectativa é de que isso seja concluído em menos tempo",
projeta.
Durante o período de análise da transação, as companhias continuarão
operando de forma independente. Questionado se será feito um rearranjo
nos colaboradores das duas companhias, Geraldo Luciano Mattos disse que
só será possível dar informações sobre o assunto após o aval da
autarquia.
A operação também precisa ser ratificada pelos acionistas da M. Dias
Branco em assembleia geral extraordinária, que será realizada
"oportunamente", de acordo com fato relevante.
Próximas aquisições
"A M. Dias Branco já estava há pelo menos dois anos à procura de ativos
para expandir para a região Sudeste", afirma Gabriel Vaz, analista de
bebidas e alimentos do Bradesco BBI.
De acordo com Vaz, entre os potenciais s alvos de aquisição da
companhia cearense para expandir suas atividades na região Sudeste ainda
poderiam figurar marcas importantes, como Bauducco, Marilan, Selmi,
Aymoré e Vilma Alimentos. Ainda conforme o analista, o negócio deixa nas
mãos da empresa cearense uma marca que tem chance de crescer. "A
aquisição (da Piraquê) é vista como positiva para o mercado,
considerando a sinergia do negócio. A M. Dias Branco é uma empresa
verticalizada, com moinhos próprios, e a Piraquê, que tem cerca de 80%
de suas vendas concentradas no Rio, poderá ser passar a ser distribuída a
outras regiões", disse Gabriel Vaz.
Fique por dentro
Empresa tem 67 anos e possui itens 'premium'
A Piraquê, fundada há 67 anos no Rio de Janeiro, possui mais de 3.500
funcionários e toda sua produção de biscoitos, massas e margarinas é
controlada por computadores.
Os produtos da empresa fluminense são considerados "premium" e de maior
tíquete médio em relação aos das marcas da M. Dias Branco, que são mais
populares.
O faturamento anual da Piraquê foi de R$ 717 milhões (últimos 12 meses
encerrados em setembro passado), enquanto a M. Dias Branco teve receita
superior a R$ 4 bilhões nos primeiros nove meses de 2017. Mais da metade
das vendas da cearense estão concentradas no setor de biscoitos,
carro-chefe da Piraquê, seguida pelas massas.
A Piraquê já havia tido conversas informais alguns anos atrás com
compradores, mas o negócio nunca havia chegado perto de ser fechado.
Diário do Nordeste
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