De acordo com o IBGE Meio milhão de brasileiros vende comida na rua.


Mais de meio milhão de brasileiros hoje ajuda a reduzir a taxa de desemprego no país vendendo algum tipo de alimento nas ruas. Em uma progressão impactante, o número de pessoas que ganham o sustento como ambulantes de alimentação saltou de 253,7 mil no terceiro trimestre de 2016 para 501,3 mil no mesmo período no ano passado.
Em 2015, quando a atividade começava a dar sinais de que seria uma alternativa à crise, esse patamar rondava os 100 mil, segundo levantamento feito pelo IBGE a pedido da Folha de S.Paulo com base em dados aprofundados da pesquisa Pnad Contínua.
A tendência de queda no desemprego registrada nos últimos meses vem se sustentando nas vagas informais, sendo que o avanço dos camelôs de comida correspondeu a aproximadamente 11% da geração de vagas de emprego informal no trimestre encerrado em outubro.
A iniciativa ocorre com mais frequência na modalidade conta própria, em que o trabalhador vende alimentos de forma autônoma. Dos 501 mil ambulantes de comida no terceiro trimestre do ano passado, 414,3 mil eram conta própria - ante 221,6 mil em igual período de 2016.
O modelo sem carteira assinada, quando ele ajuda alguém na atividade e é remunerado por isso, reuniu 41 mil pessoas no período.
Há casos de trabalhadores que contratam um ajudante com carteira assinada, tornando-se empregadores. Mas eles são minoria estatisticamente (3,2 mil no terceiro trimestre de 2017) porque a atividade em geral tem caráter precário.
Ameaças
Enchente, pressão da fiscalização, ameaça de outros camelôs e do comércio local são parte das agruras narradas por Nathalia Santana, 30, que no fim de 2016 saiu para vender coxinhas de uma receita herdada da mãe.
"Chegava a vender 30 em uma hora e meia. Eu queria o dinheiro para pagar a faculdade. Sobrava para a conta do celular e mais um pouco, mas tinha muita pressão. O dono do bar em frente queria que eu fechasse a minha banca e fornecesse para ele pela metade do preço", conta.
Ela deixou o negócio no ano passado, num momento em que viu a demanda minguar repentinamente. Meses depois, conseguiu emprego formal como garçonete em uma rede de restaurante.


Diário do Nordeste

Comentários