PCdoB: Saída de Aldo Rebelo sinaliza vontade de mudança


A saída do ex-ministro Aldo Rebelo dos quadros do PCdoB para ingressar no PSB foi recebida com preocupação por membros da sigla comunista no Ceará. Para os parlamentares da bancada na Assembleia Legislativa, por ser um nome de respeito na política nacional, a desfiliação de Rebelo demonstra a necessidade de modificação de alguns posicionamentos do partido, percebendo também as mudanças que ocorreram no mundo ao longo dos últimos cem anos.
A partir de agora, a legenda deve focar no trabalho exercido pelo governador do Maranhão, Flávio Dino, atualmente, tido como principal figura da agremiação. A filiação de Rebelo ao PSB tem por objetivo o pleito do próximo ano, visto que ele tem interlocução com a esquerda e com militares, uma vez que foi ministro da Defesa. Ele é um quadro desejado por algumas legendas que pretendem lançar candidaturas à Presidência da República em 2018.
Ex-ministro da Defesa, de Ciência e Tecnologia, dos Esportes e Relações Institucionais dos governos petistas, além de ter sido presidente da Câmara Federal, o político é considerado no meio político, principalmente, por não ter se envolvido com qualquer tipo de irregularidade, como muitos nas administrações que participou.
Rebelo foi filiado ao PCdoB durante 40 anos, tendo se filiado em 1977, ainda no auge da ditadura militar. Começou sua militância no movimento estudantil e, em 1980, presidiu a União Nacional dos Estudantes (UNE). Ele também se elegeu seis vezes deputado federal por São Paulo e assumiu a Presidência da Câmara entre setembro de 2005 e janeiro de 2007.
O deputado Carlos Felipe afirmou que, quando da disputa à Presidência da Câmara Federal, Rebelo demonstrou, em seu discurso, que a história do Brasil mostrou que as principais transformações foram feitas em harmonia, em consonância com a sociedade. "Ali era um momento de harmonizar, porque assim foi nossa Independência. Foram raríssimos os momentos de embate, de luta. Assim foi quando a gente se transformou em República, quando retomamos ao poder foi através do diálogo".
Segundo disse Felipe, já havia alguns pontos em divergência entre aquilo que é colocado pelo PCdoB de hoje com o que algumas minorias reclamam, esquecendo, muitas das vezes, segundo disse, que o maior foco é a justiça social. "Ele achou que precisa de uma visão diferente. Ele não se sentia plenamente satisfeito no PCdoB. Já havia sido eleito com o apoio do DEM e tinha uma proximidade com o Rodrigo Maia (presidente da Câmara)", disse.
Carlos Felipe é contrário ao que ele chama de maniqueísmo sem fundamento, e destaca que há, por exemplo, muitos nomes de relevância em partidos como o PSDB, a quem o PCdoB já apoiou em diversos momentos. Felipe também comemora o fato de o PCdoB, de acordo com ele, não ser mais um partido radical como era no passado, destacando que houve um avanço da compreensão da luta por um País mais justo e humano.
A deputada Augusta Brito destacou que o partido só tem a lamentar com a saída de Rebelo de seus quadros, destacando a importância que a agremiação dá à liberdade daqueles que queiram ir para outras legendas. "Foi uma decisão pessoal, não foi partidária, porque o partido queria muito que ele permanecesse. Mas foi mesmo por questões ideológicas". Ela citou que a legenda segue com nomes de relevância no cenário político nacional, como Jandira Feghali e a senadora Vanessa Grazziotin.

Diário do Nordeste

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