Há uma crise de desabastecimento de vacina antirrábica humana no
Ceará que perdura e já faz algum tempo. Nas cidades do Interior, as
doses que chegam não atendem à demanda e os moradores vão de posto em
posto de Saúde em busca da imunização após sofrerem mordedura ou
arranhões de cães, gatos, morcego e saguis (soins). A confirmação na
semana passada de caso de raiva humana de morador de Iracema aumentou a
procura pela imunização.
Nas últimas semanas, quem procura as Unidades Básicas de Saúde (UBS),
secretarias municipais de Saúde e hospitais em busca da vacina
antirrábica encontra uma mesma resposta: "está em falta". E o pior: não
há previsão de quando vai chegar e em que quantidade. Outra informação
que se repete é: "A Secretaria da Saúde do Estado ficou de enviar um
lote com algumas doses, mas ainda não chegou".
A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), por meio da Coordenação
Estadual de Imunizações, solicitou, neste ano, conforme critério de
incidência de agressões por animais, 150 mil doses da vacina humana,
entre janeiro e outubro, e recebeu 72.350 doses, ou 48% do total.
Neste mês de outubro, o repasse do Ministério da Saúde foi de 850 doses
da vacina humana, insuficientes diante da média mensal de 2,5 mil
agressões de animais a humanos e dos esquemas vacinais de duas, três e
cinco doses por paciente, quando há indicação médica. Mediante a
escassez do produto, a Sesa recomenda à população medidas preventivas,
evitando contato com animais de rua.
Nesta cidade, na região Centro-Sul, a falta de vacina antirrábica já
dura cerca de três meses. "A irregularidade na distribuição é uma
constante e as doses que chegam são distribuídas entre outros municípios
que integram a regional", disse a secretária da Saúde, Vanderlúcia
Lobo. Segundo suas informações, a questão se agrava com a falta de soro
antiofídico para quem foi vítima de picada de cobra.
O médico Rubens Albuquerque Júnior disse que, na regional de Saúde de
Icó, também há falta da vacina antirrábica, inclusive em Cedro.
Enfermeira do Posto de Saúde da Vila Centenário, em Iguatu, disse que
somente na quinta-feira, seis pessoas procuraram a unidade atrás da
vacina antirrábica. "Infelizmente a resposta foi a mesma: 'está em falta
e não sabemos quando vai voltar'. Nos outros postos também não chegou",
disse.
Em Juazeiro do Norte, o Hospital Infantil Maria Amélia é centro de
referência para as doses de vacina antirrábica, mas, na sexta-feira
(28), também estava em falta. Uma enfermeira responsável pela unidade
confirmou que outras duas pessoas, inclusive uma criança que foi mordida
por um gato de rua, procuraram pela vacina, mas não puderam ser
atendidas. No Hospital Regional do Cariri, um funcionário do setor da
farmácia hospitalar informou que havia a vacina, mas faltava o diluente.
Diário do Nordeste
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