Polo industrial desenvolverá subprodutos do coco no Estado.

  Empreendimento será instalado no município de Trairi, no litoral Oeste. O início das atividades está previsto para o primeiro semestre de 2017.

Um polo industrial destinado a atividades relacionadas ao coco está em desenvolvimento no município de Trairi, litoral Oeste do Ceará. Na primeira fase, serão instaladas cinco indústrias e um centro tecnológico destinado à inovação e pesquisa para o desenvolvimento de novos produtos. A implantação tem aportes da ordem de R$ 100 milhões, oriundos, em parte, de um fundo de investimentos americano, além de recursos próprios, com auxílio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco do Nordeste (BNB). Hoje, cerca de 40% do fruto são aproveitados, índice que pode ser elevado para 96%, de acordo com os estudos.
Segundo o diretor-executivo do grupo Cohibra, que atua com beneficiamento de coco e instalará três empresas no local, Laerte Gurgel Barreto, o ponto inicial do projeto acontecerá ainda em 2016. "Serão cinco anos no total para o desenvolvimento, mas pretendemos iniciar as atividades (de operação) no primeiro semestre de 2017", informa Barreto. O centro tecnológico será integrado a uma escola profissionalizante estadual que já existe no local. De acordo com Barreto, suas descobertas serão utilizadas na indústria local para beneficiar insumos, óleos e produtos.
O executivo considera a proposta inteiramente inovadora no mercado nacional e reforça a utilização da alta tecnologia nos processos. "Iremos trabalhar com matérias-primas para cosméticos. Esses produtos normalmente são importados e passarão a ser produzidos aqui", destaca. Barreto declara que o foco do projeto são os processos sustentáveis e ecologicamente corretos. Por se tratar de indústria automatizada com máquinas e equipamentos de ponta, ele considera que serão gerados algo em torno de 1.500 empregos diretos. "Também será dado apoio ao pequeno agricultor de toda a Costa Norte, do Pecém até Camocim", garante.
Múltiplas funções
Das três unidades que Barreto irá construir, uma será de oleoquímica, no segmento de química fina, para atender demandas dos mercados cosméticos, farmacológicos e alimentícios. "Na extração de óleos, temos uma patente que é por processo enzimático, altamente sustentável", revela. Outra indústria trabalhará com carvão ativado, derivado do endocarpo do coco, voltado para mercado de purificação de água em geral, catalisadores de veículos, filtros de usinas nucleares e tabaco.
Já a terceira tem foco no processamento de fibras para suplementos alimentares. "Visamos, com estas produções, além do mercado nacional, o começo de exportação para o mercado internacional, especificamente para União Europeia", declara. A empresa já recebeu um convite para se instalar na Europa, mas ainda está avaliando. As outras indústrias são a Bioactive, na área farmoquímica, e a Native Essence, de cosméticos.
Posição estratégica
O consultor de negócios, Tadeu Alcântara Macedo, responsável pela captação das indústrias, declara que a escolha da localização aconteceu em virtude de Trairi ter vocação para o cultivo de coco, além da logística. "Teremos a duplicação da BR e estamos, aproximadamente, a 70 km do Porto (Pecém)", explica. Macedo analisa que toda região e cidades como Paraipaba e Paracuru serão beneficiadas.
O terreno que receberá as futuras instalações foi doado pela Prefeitura Municipal de Trairi. O parque industrial, na primeira fase, ocupará 30 hectares. A concepção da arquitetura e engenharia está finalizada e restam apenas as liberações, de acordo com Macedo.
Expansão
Numa segunda etapa, mais 20 hectares serão cedidos para a ampliação do polo e novas empresas estão estudando a instalação no local. Até o momento, são três, entre elas uma termoelétrica. A prefeita de Trairi, Regina Nara, enfatiza que vai dar todo o apoio necessário para que o funcionamento aconteça o mais breve possível. "O polo trará emprego e geração de renda para população", afirma.
Para o chefe de gabinete da prefeitura, Edilardo Eufrasio, as primeiras unidades em funcionamento devem promover a criação de aproximadamente 600 empregos diretos. O projeto todo, conforme diz, deverá gerar entre 2.500 e 3.000 contratações efetivas. "O polo também vai permitir a produção de pequenos negócios, com o pequeno produtor e o desenvolvimento da agricultura familiar", visualiza. Atualmente, a população da cidade corresponde a 54 mil habitantes.

Diário do Nordeste

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