Estado avaliará novos cortes de despesas.

 No ano passado, foram cortados R$ 420 mi nominais em despesas correntes, segundo a Secretaria da Fazenda. De acordo com o secretário da Fazenda, Mauro Filho, a receita do FPE caiu R$ 133 milhões em janeiro de 2016, comparada a igual mês de 2015.

 O Comitê Gestor do Estado do Ceará, formado pelas secretarias do Planejamento e da Fazenda, Casa Civil, Procuradoria-Geral e Controladoria, irá se reunir ainda neste mês para estudar o que ainda pode ser cortado em despesas neste ano, em virtude da queda de arrecadação do Estado, informou o secretário da Fazenda, Mauro Filho. Segundo ele, em 2015, já foram feitos cortes de aproximadamente R$ 420 milhões nominais em despesas correntes. "Isso tem um limite. Minha preocupação é um controle ainda mais rigoroso", afirma.
De acordo com o secretário, o Ceará teve um decréscimo no Fundo de Participação dos Estados (FPE), fatia que os estados têm do que a União arrecada de Imposto de Renda e de Imposto sobre os Produtos Industrializados. Esta arrecadação caiu R$ 133 milhões em janeiro de 2016, em relação a janeiro de 2015. "Isso é muito significativo", diz.
Já o ICMS do mês de janeiro cresceu nominalmente 3,5%, mas para uma inflação de 10% existe uma perda real em torno de 5%. "Isso faz com que a gente tenha que caminhar neste primeiro quadrimestre de uma maneira muito controlada para que o Ceará não vá para 'vala comum' de outros estados que estão com problemas muito graves de chegar ao ponto de não pagarem servidores", explica.
Na prática, este decréscimo implica num rigor maior nas despesas correntes e no acompanhamento da própria folha de pagamento, que cresceu 10,86% em 2015. "Este crescimento é da folha do Estado. A do Poder Executivo cresceu menos", considera.
Ele lembra ainda que, neste ano, haverá um deslocamento do pagamento do IPVA, em função da situação econômica brasileira. "Estou percebendo que o IPVA vai crescer menos na parcela única e todo mundo vai usar o parcelamento", diz.
Folha de pagamento
A administração da folha de pagamento do Estado é feita pela Secretaria de Planejamento (Seplag), que faz o gerenciamento dos 136 mil servidores ativos e inativos e pensionistas que o Estado paga hoje. Mauro Filho destaca que é bom lembrar que o limite prudencial do Estado é 46,17% e foi publicado, no dia 30 de janeiro, 45,93%.
"Esta gestão tem que ser muito precisa no acompanhamento, porque vários estados ultrapassaram o limite prudencial", analisa o secretário da Fazenda.
Mauro Filho ressalta que nestes estados não estão inseridos o Rio de Janeiro, pois ele retira o pagamento dos inativos, e o Maranhão, que o déficit da previdência não contabiliza o pagamento dos aposentados. "Ele (Maranhão) coloca como aporte a fundo que tem um tratamento diferenciado, que na realidade você vai ter mais de 20 estados que estão descumprindo o limite prudencial, que é o estado ficar impossibilitado de receber transferência voluntária, fazer realizações de créditos", explica.
Ele lembra ainda que a Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece penalidades para os estados e municípios que descumprirem os limites prudenciais. Hoje, o valor da folha do Ceará é de R$ 710 milhões/mês. A administração permanecerá com a Seplag
CPMF
Para o secretário, as pessoas não têm coragem de falar, mas a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) não será mais um imposto. "Veja o seguinte, muitas pessoas no Brasil não sabem que a Previdência do Brasil, o INSS, a do trabalhador que você coloca 11% do seu salário e o patrão coloca 20%. O valor desta arrecadação não é suficiente para pagar as aposentadorias urbanas e rurais. Quem banca este déficit, apesar de ser do setor privado, é o governo federal", afirma.
Em sua visão, o que está se propondo e a presidente Dilma Rousseff está querendo é enfrentar este problema e colocar algumas regras como a idade mínima de aposentadoria. "Uns falam 60 anos e outros 65 anos. Tem gente se aposentando com 49 anos, na flor da sua atividade laboral", considera.
Ele acredita que as medidas no âmbito da Previdência, para surtirem efeito, devem demorar de quatro a seis anos. "A contribuição não vai para o caixa do governo, ela vai para bancar este déficit do setor privado que o governo federal vem bancando efetivamente", defende.
E, segundo a discussão no Congresso Nacional, é que deverá ser isento quem ganhar até quatro salários mínimos, ou seja até R$ 3.500, o que retira 82% da população brasileira. Por tanto, a grande massa não estaria inserida. "Sou a favor, sem dúvida, como sendo transitória e tendo limite de isenção, que foi a proposta, inclusive, do governador Camilo Santana, que nós fizemos isso lá trás. Ninguém teve coragem de enfrentar e estamos fazendo isso", lembra.
Ele avalia que o governo deve propor por quatro ou cinco anos. "Acho que para não ficar prorrogando, faz logo por cinco anos com estas condições, sem ir para o caixa do Tesouro Nacional e com isenção de 82% da população brasileira", finaliza.

Diário do Nordeste

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