Até a cobertura dos carros foi aproveitada para a instalação dos painéis.
Ao término da última etapa do projeto, prevista para o fim de 2016, os
Campus Lagoa Seca e Icó terão, juntos, três mil placas instaladas,
capazes de produzir até 800 KW de energia.
O investimento é alto, mas a direção calcula que, em sete anos, ele será totalmente recuperado.

Uma das maiores faculdades do Interior do Estado, aproximadamente de 10
mil alunos, se tornará, em breve, a Instituição de Ensino Superior
(IES) com o maior investimento em produção de energia solar do País,
segundo a empresa cearense Satrix, responsável pela instalação das
placas na Faculdade e que responde por mais de um quarto dos projetos de
energia renováveis no Brasil.
De acordo com o diretor-presidente da FLS, Jaime Romero, o investimento
para implantação da primeira etapa do projeto está orçado em R$ 1,5
milhões. Inicialmente foram instalados 816 painéis solares oriundos do
Canadá, os quais produzirão 220 KW de energia limpa e renovável. Romero
ressalta que a quantidade produzida será suficiente para abastecer toda a
demanda de energia elétrica normalmente utilizada no campus Lagoa Seca.
O diretor-presidente anuncia que o parque de energia solar estará em
total funcionamento na segunda semana de dezembro. Além de abastecer
toda a energia elétrica do campus, a carga gerada pelas placas em
momentos de inatividade, como feriados, fins de semana e férias, será
revertida em crédito pela Companhia Energética do Ceará (Coelce).
"Estaremos ajudando o meio ambiente, pois outras instituições poderão
adquirir a nossa energia limpa", pontua.
Ao término da terceira e última etapa do projeto, prevista para o fim
de 2016, os Campus Lagoa Seca e Icó, terão, juntos, três mil placas
instaladas, capazes de produzir até 800 KW de energia. O custo total do
projeto gira em torno de R$ 4 milhões. "Conforme cálculos da Coelce, com
a economia de energia gerada somente na primeira etapa, 13 toneladas de
resíduos, por mês, deixarão de poluir a água, a terra e o ar. Esse dado
mostra a importância do projeto", pontua Romero.
A FLS estima se tornar autossuficiente em geração de energia ainda na
próxima década e recuperar todo o valor investido em até sete anos. "A
economia no consumo de energia e, consequentemente, a redução da conta
de luz, que hoje é a segunda maior despesa do grupo, ficando atrás
apenas da folha salarial, pagará o montante gasto na implantação em
breve", acrescenta o presidente.
Política Sustentável
Jaime Romero pondera que a instituição possui uma preocupação com as
questões ambientais, desenvolvendo, para tanto, políticas sustentáveis.
"Penso que a faculdade não deve somente ensinar as teorias, mas,
sobretudo, dar o exemplo, se preocupar com as questões sociais e buscar
soluções para eles", afirma.
A oferta de produtos mais amigáveis ao meio ambiente, os chamados
ecofriendly, se faz presente na FLS há anos. O mesmo campus que receberá
a instalação das placas de energia solar, já abriga uma estação de
tratamento de água e esgoto, instalada em 2009, a um custo de R$ 500
mil. O projeto realiza o reúso da água, tratada em 100%. Por dia,
segundo a direção da Faculdade, são 50 mil litros recuperados.
"Temos outros projetos ecológicos; fazemos a coleta seletiva de todo o
lixo produzido aqui e doamos para cooperativas. Nossa clínica-escola é
coberta por uma lona de fabricação Alemã, que atua no resfriamento do
prédio, consequentemente diminuindo o consumo de energia; a maior parte
das lâmpadas do prédio são de LED, enfim, tem um compromisso ambiental",
conclui Jaime Romero.
Energia limpa
De acordo com relatório "Um Banho de Sol para o Brasil" do Instituto
Vitae Civilis, devido à localização e extensão territorial, o Brasil
recebe energia solar da ordem de 1.013 MW/hora anuais, o que corresponde
a cerca de 50 mil vezes o seu consumo de eletricidade durante um ano.
No entanto, apesar do número expressivo de energia que poderia ser
produzida, o País ainda possui poucos equipamentos de conversão de
energia solar em outros tipos de energia, os quais poderiam estar
operando e contribuindo para diminuir os impactos causados pelas
barragens das hidrelétricas, queima de combustíveis fósseis,
desmatamentos para produção de lenha e usinas atômicas, por exemplo.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, o Brasil tem cerca de 70% de
sua matriz elétrica baseada em energia hidráulica, e mais recentemente
outras fontes de energia, como a biomassa, a eólica e a nuclear vêm
recebendo estímulos.
Segundo relatório do Ministério de Meio Ambiente (MMA) e Conselho
Brasileiro de Construções Sustentáveis (CBSC), até 2013, 56% de toda
energia consumida no País, com 281,81 TWh (TeraWatts-Hora), era
responsável por empresas, fábricas e instituições. Os outros 44% ficavam
com 63 milhões de domicílios registrados naquele ano.
Segundo diferentes pesquisas brasileiras, o Nordeste é a região de
maior radiação solar, com média anual comparável às melhores, como a
cidade de Dongola, no deserto do Sudão, e a região de Dagget, no Deserto
de Mojave, Califórnia, EUA.
Diário do Nordeste
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