As instituições miram cerca de 160 milhões de brasileiros que recebem
até três salários mínimos mensais (R$ 2.364) e que, em muitos casos, não
têm conta em bancos, O novo banco aguardava a chancela do Banco Central para atuar há cerca de três ano.
O Bradesco e o Banco do Brasil receberam aval do Banco Central para operar um novo banco com foco na população de menor renda.
A instituição deve começar a funcionar no próximo ano e terá na largada
R$ 1 bilhão em empréstimos e operações com cartões que virão da
financeira Ibi Promotora, controlada pelos dois bancos.
A criação de um banco para a baixa renda é mais um passo na parceria do
Bradesco e do Banco do Brasil. Nos últimos anos, as duas instituições
estreitaram suas relações e lançaram várias empresas em sociedade. Já são sócias na Alelo, de cartões de benefícios e de cartões pré-pagos; na Movera, de microcrédito; na Stelo, de meios eletrônicos de pagamentos; na Livelo, de programa de fidelidade; e na financeira Ibi.
O lançamento dessas companhias faz parte da estratégia definida pelo Bradesco e pelo Banco do Brasil na época de criação da Elo Participações,
em 2011, holding estruturada para deter fatias em várias empresas das
duas instituições. O Bradesco detém 50,01% da Elo Participações e o BB,
os outros 49,99%.
Banco Popular
Ao lançar o banco para a baixa renda, Bradesco e BB miram
cerca de 160 milhões de brasileiros que recebem até três salários
mínimos mensais (R$ 2.364) e que, em muitos casos, não têm conta em
bancos. Números do Banco Central confirmam o potencial desse mercado:
das 56 milhões de pessoas que tomaram crédito no ano passado, 34 milhões
são de baixa renda.
Além de crédito ao consumidor, o novo banco, que ainda não foi
batizado, mas pode se chamar Elo, vai distribuir cartões de crédito e
cartões pré-pagos. Também vai conceder empréstimos por meio dos cartões.
O banco ajudará a desenvolver a bandeira de cartão de crédito Elo, uma
sociedade do Bradesco, com Banco do Brasil e com Caixa Econômica
Federal. No futuro, o novo banco poderá oferecer outros produtos
financeiros para as classes C, D e E, de acordo com fontes ligadas às
empresas.
Apesar do potencial, o público de baixa renda é o que registra maior
índice de inadimplência. Os tomadores de crédito com ganho mensal de até
três salários mínimos, além de serem os mais endividados, segundo o BC,
têm mais da metade da renda comprometida com o pagamento de juros de
dívidas. Por isso, o novo banco terá um modelo de concessão de crédito
diferente da estrutura de outras instituições financeiras. O banco
concederá empréstimos de valores baixos. À medida que o cliente
demonstre maior fôlego financeiro, ele poderá tomar empréstimos maiores.
Aval do Banco Central
O novo banco aguardava a chancela do BC para atuar há cerca de três
anos. Nesse período, BB e Bradesco colocaram a operação de pé. Agora,
segundo fontes, está na fase final de estruturação. Como vai apoiar a
financeira Ibi, o banco utilizará sua rede de correspondentes bancários,
com 145 unidades, uma vez que boa parte da população de baixa renda não
usa agências bancárias tradicionais.
Comandando a operação, ficará, conforme uma fonte, Carlos Giovane
Neves. Recentemente, o executivo deixou a diretoria da Bradesco Cartões
para chefiar a Ibi Promotora.
Procurados, Bradesco e BB confirmaram a autorização do BC para a
constituição do novo banco com foco na baixa renda e os planos quando do
anúncio do acordo. A Alelo informou, por meio de sua assessoria de
imprensa, que somente Bradesco e BB se pronunciam sobre o assunto.
Diário do Nordeste
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