No Brasil, o futuro dessa
tecnologia tem, no Ceará, uma promessa que completa quatro décadas de
sua gênese no ano que vem. Em junho de 1976, foi descoberta a reserva de
urânio e fosfato de Itataia, em Santa Quitéria (a 222 quilômetros de
Fortaleza). Pouco mais de dez anos depois do achado, a viabilidade da
exploração foi constatada.
Hoje, Itataia é a última jazida de
urânio prospectada do País, mas segue com destino indefinido. O
licenciamento ambiental, de responsabilidade do Ibama, ainda não tem
data para ser liberado - se for. No local, desde a subida do Morro do
Serrote Verde, pedregulhos avermelhados já são o minério que, um dia,
deve ser retirado. Depois de diversos adiamentos, o Consórcio Santa
Quitéria, associação das Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e do Grupo
Galvani, pretende explorar a futura mina a partir de janeiro de 2018 - o
que depende de a licença de instalação ser expedida ainda este ano.
De
acordo com José Roberto de Alcântara, coordenador do Projeto Santa
Quitéria, a expectativa é de que a mina tenha vida útil de 25 anos. “O
Ceará precisa de um empreendimento desse porte”, defende. Devido ao bem
mineral principal de Itataia ser o fosfato e, em decorrência, o urânio
poder ser aproveitado, esta será a primeira vez, ele ressalta, que o
Brasil terá duas fontes do mineral radioativo operando ao mesmo tempo:
no Ceará e na Bahia. Por ora, Itataia abriga apenas o acampamento que um
dia sediou os estudos de comprovação da jazida.
Na maioria
das minas de fosfato, explica José Roberto, o urânio está presente, mas
“a associação urânio-fósforo em concentrações tão elevadas torna a
jazida de Itataia uma das mais peculiares do mundo”.
Futuro
Futuro
Hoje,
trabalham no Acampamento Itataia apenas dois cuidadores para preservar
as instalações montadas décadas atrás e as amostras que serviram para as
primeiras análises. A projeção é de que, durante a fase de implantação,
a mina gere cerca de dois mil empregos diretos e indiretos, aponta José
Roberto. Se chegar a operar de fato, o aumento populacional deve ser
sentido, sobretudo, em Lagoa do Mato, distrito de Itatira e localidade
mais próxima da jazida.
Durante o tempo de operação, a
estimativa é de que o empreendimento gere até R$ 1 bilhão por ano. Parte
dos benefícios fica pelo município na forma de impostos. “Só em pensar
no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Santa
Quitéria já dá um salto gigante”, projeta o secretário do Meio Ambiente
da cidade, Homero Novaes. Antes disso, entretanto, será necessário lidar
com “o bônus e o ônus” que a exploração vai trazer. “O financeiro tem
de ser pensado para que a gente possa minimizar os impactos”, afirma o
secretário.
Saiba mais
Em
2011, foi iniciado o diagnóstico ambiental, que é um capítulo do EIA,
entregue ao Ibama em março de 2014. Em julho de 2015, foi entregue um
parecer do órgão para o consórcio, que, agora, fará esclarecimentos em
documentos e reuniões técnicas.
Segundo a Secretaria dos
Recursos Hídricos (SRH), o abastecimento da mina será feito pelo açude
Edson Queiroz, através de adutora. “Esse volume de água a ser retirado
da barragem não compromete o abastecimento humano nem os demais usos da
água”, assegura nota da secretaria.
O POVO entrou em
contato com o Ibama, através de e-mail e telefone, para detalhes do
processo de licenciamento ambiental. A demanda foi enviada
quinta-feira, 23 de julho, e reforçada nos dias seguintes, mas não houve
resposta até o fechamento desta matéria.

O POVO Online
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