O curso, que tem duração de três anos, está no segundo semestre, quando
os 170 alunos recebem aulas de introdução a disciplinas técnicas, que é
toda a parte teórica da profissionalização. O lado prático será
exercitado no polo moveleiro, com aulas realizadas em parceria com as
indústrias.
Considerado o maior polo moveleiro do Nordeste,
o município de Marco, no norte do Estado, iniciou neste ano um processo
de qualificação de mão de obra inovador, que pretende fazer crescer a
produtividade na indústria madeireira, investindo na educação para
formação de profissionais específicos do setor, que tem mostrado
crescimento, garantindo cerca de 1.800 empregos diretos, segundo o
Sindicato das Indústrias do Mobiliário do Ceará (Sindimóveis).
A escola profissionalizante Monsenhor Waldir Lopes de Castro,
inaugurada no início deste ano, é resultado de uma cooperação técnica
firmada entre a Secretaria de Educação do Estado (Seduc) e o
Sindimóveis, dentro da proposta do Ministério da Educação, que une
educação formal e profissionalizante, atendendo ao apelo vocacional de
cada região; no caso de Marco, a Escola está voltada, especialmente,
para cursos ligados ao setor de movelaria, entre eles, mecânica,
logística e marcenaria, que inclui designer de móveis, decoração e
pintura a mão de cadeiras, chapa, alumínio, mármore, entre outros.
A Escola aguarda a instalação de dois laboratórios com oficina mecânica
e marcenaria. "Estamos em processo de implantação dos laboratórios, que
devem ser aproveitados pelos alunos no terceiro semestre. Eles vão ter a
parte teórica e prática, com estágio remunerado no final do terceiro
ano. Esta será a primeira experiência de trabalho deles, com o objetivo
de serem absorvidos pelo mercado de trabalho", explica o diretor Lahir
Pituba.
Cada sala de aula comporta 44 alunos, que aprendem como se forma toda a
cadeia produtiva, desde o plantio da madeira utilizada no processo da
movelaria até a entrega do produto na casa do cliente, passando por todo
a linha de planejamento, custos, elaboração de projetos, questões
ambientais e design, preparando os futuros profissionais para exercer
qualquer uma dessas funções, dentro de uma fábrica.
"Com certeza, esses alunos estarão bem capacitados para serem inseridos
na rotina fabril, com tudo que eles terão de conhecimento sobre o setor
de movelaria aqui, ou em qualquer outra cidade", disse Cleiton
Reichwald, professor.
Para a aluna Safira Capistrano, que pretende se profissionalizar em
design de móveis, não foi muito difícil escolher esta área "porque minha
família quase toda trabalha nas fábricas aqui de Marco. Meu sonho é ir
além e ser uma boa designer".
Segundo levantamento do Sindimóveis, o Estado possui 200 indústrias
distribuídas em Fortaleza, Iguatu, Jaguaribe e Marco, gerando cerca de
15 mil empregos diretos. "A indústria de móveis no Ceará tem 25 anos,
mas somente nos últimos 15 anos melhorou em termos tecnológicos. O nosso
maior desafio é preparar mão de obra e capacitar tecnologicamente esses
profissionais, que certamente serão inseridos no mercado de trabalho,
sempre à espera de inovação", afirmou Geraldo Bastos Osterno Júnior,
presidente do Sindicato. Hoje, o polo moveleiro de Marco responde por
cerca de 40% da economia do município, seguido do ramo de confecções e
produção de castanha de caju.
Exportação
As encomendas atendem a todo o Nordeste, e já alcançam também as
exportações para países como Porto Rico, República Dominicana e Haiti,
somadas às exportações das outras fábricas cearenses que chegaram a
países como Estados Unidos, México e Caribe. Segundo dados do Sindicato,
o setor exportou, entre 2001 e 2007, uma média de 3,4 milhões de
dólares ao ano.
Além do Sindicato, que tem abrangência em todo o Estado, os empresários
locais criaram a Fabricantes Associados de Marco (FAMA), que representa
mais de 20 empresas.
O setor moveleiro de Marco é pioneiro na exploração do Eucalipto, vindo
do Sul da Bahia, para a criação de móveis, como cadeiras, mesas e salas
de jantar. Outra árvore utilizada é o Tauari, proveniente do Pará.
Inserção produtiva
De acordo com o empresário Maciste Osterno, "esse projeto da Escola
Profissionalizante com o Sindimóveis vai nos ajudar a criar uma mão de
obra bem mais preparada para o mercado competitivo. A articulação entre o
Sindimóveis e a Seduc para implantação das escolas profissionalizantes
não se restringe a formação profissional. A parceria, que se
responsabiliza em estabelecer um piso salarial para técnico em
carpintaria de móveis, pretende criar um banco de dados dos alunos
dentro do site da entidade sindical, com o objetivo de empregar 45%
dessa mão de obra formada em sala de aula.
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