Contaminação por urânio na Bahia preocupa moradores de Santa Quitéria.

Moradores de Santa Quitéria, na Região Norte do Ceará, querem mais explicações das autoridades de saúde do Governo Federal sobre as informações de contaminação radioativa na cidade da Caetité, no Estado da Bahia, onde a INB (Indústrias Nucleares do Brasil), mantém minas e exploração de urânio. Em Santa Quitéria, a INB lidera o empreendimento da exploração de urânio. Uma ampla reportagem do Jornal O Estado de São Paulo, edição desse domingo, 23, revelou vários casos de câncer contraído por moradores da região onde a INB faz a exploração de urânio.
Os estudos ainda não fazem uma relação entre a doença e possível contaminação radioativa, mas uma força tarefa com representantes do Governo Federal, Ministério Público Federal e órgãos de saúde deflagrou uma operação de fiscalização e estudos sobre o câncer e a mina de urânio. O objetivo é auxiliar o órgão estadual de vigilância em um levantamento das situações de risco à saúde da população, identificando poços que possam ter água contaminada com alto teor de urânio.
A Comissão Paroquial de Meio Ambiente (CPMA), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a Associação Movimento Paulo Jackson, Ética, Justiça, Cidadania vão pedir ao Ministério Público Federal (MPF) na Bahia a instauração de uma ação contra a Indústrias Nucleares do Brasil (INB).  “Após a admissão pública da contaminação da água por urânio na região de influência da mineração, esperamos que, finalmente, as autoridades competentes, especialmente Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e MPF, tomem as providências cabíveis, requeridas há tanto tempo pelas populações afetadas pela mineração de urânio na Bahia”, disse Zoraide Vilasboas, presidente da Associação Movimento Paulo Jackson.
Nesta segunda-feira, 24, a Indústrias Nucleares do Brasil (INB), divulgou nota informando ter atendido ao pedido de análise de água do poço, mas que não é de sua responsabilidade determinar padrão de potabilidade da água, abertura ou fechamento de poços. A INB afirma ainda que o poço em questão não está sujeito à influência de suas atividades e “não está contemplado no Programa de Monitoração Ambiental da INB”.

Abaixo íntegra da nota de esclarecimento divulgada nesta segunda:
Sobre a matéria “Urânio contamina água na Bahia” publicada no jornal “O Estado de S. Paulo”, no dia 22/08/2015, as Indústrias Nucleares do Brasil esclarecem que: 
  1. Dentro do seu programa “Conversa com a Vizinhança”, que visa manter um bom relacionamento e proximidade com a população local, a INB atendeu ao pedido de análise de água do poço localizado na propriedade do Sr Osvaldo Antônio de Jesus, na comunidade de Varginha no município de Lagoa Real/BA, feito pelo morador e pelo secretário de Infraestrutura de Lagoa Real, Rosalvo Alves de Oliveira. Não é de responsabilidade da INB determinar padrão de potabilidade da água, abertura ou fechamento de poços. O poço foi aberto pela Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (CERB).
  2. A comunidade de Varginha, situada a 16 km em linha reta da unidade da INB em Caetité, está localizada numa sub-bacia hidrográfica (Sub-Bacia do Rio São Pedro) diferente daquela onde se situa a unidade da empresa (a Sub-Bacia do Riacho das Vacas). Por este motivo, o poço do Sr. Osvaldo não está sujeito à influência de suas atividades e não está contemplado no Programa de Monitoração Ambiental da INB, aprovado e fiscalizado pelo IBAMA e pela CNEN. No link “Perguntas e Respostas” encontrado na sua página da internet, a INB lista todas as comunidades que fazem parte do programa de monitoramento da empresa, entre elas uma comunidade que também se chama Varginha, mas que pertence ao município de Caetité, diferente da localidade onde reside o Sr. Osvaldo. 
  3. A primeira coleta de água, feita no final do período de seca, ocorreu em outubro de 2014 e a INB aguardou o término do período chuvoso para realizar a segunda coleta de águas para análise, que ocorreu em março de 2015, como uma maneira de verificar a influência da sazonalidade nos resultados. Mesmo antes de fazer a segunda coleta de água para confirmar o resultado, a INB informou pessoalmente ao Sr. Osvaldo e, por telefone, ao secretário de Infraestrutura de Lagoa Real, Rosalvo Alves de Oliveira, o resultado preliminar. Após a obtenção do resultado da segunda coleta, este foi imediatamente informado, sendo o boletim de análise entregue formalmente em maio de 2015. Na ocasião, por não fazer parte do Programa de Monitoração Ambiental, os resultados da análise não foram comunicados ao IBAMA. 
  4. A quantidade de urânio encontrada no poço situado na propriedade do Sr. Osvaldo deve-se a características naturais da região formada pelos municípios de Caetité, Lagoa Real e Livramento de Nossa Senhora, que é considerada uma província uranífera devido à abundância do minério que se concentra naturalmente em alguns locais. É por esta razão que as águas dessa região podem apresentar concentrações de urânio mais elevadas. Deve-se esclarecer que essas medidas não possuem relação com quaisquer atividades da unidade da INB em Caetité.  
  5. A monitoração ambiental da INB em Caetité começou a ser feita antes do início das atividades de mineração. O Programa de Monitoração Ambiental Pré-Operacional, estabelecido junto à CNEN e ao IBAMA, foi executado de 1989 a 1999 e é através dele que existem registros da radiação encontrada naturalmente na região. Quando a instalação começou a operar, em 2000, as análises continuaram sendo feitas. Os resultados obtidos neste período demonstram que as oscilações encontradas na concentração de urânio se mantêm dentro dos valores obtidos na fase pré-operacional.
A INB reafirma o seu compromisso com o meio ambiente e com a população que vive no seu entorno.

Ceará Agora

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