Saída do PROS para o PDT ainda está em fase de negociação.

 
 Cid e Ciro Gomes comandaram, ontem à noite, encontro com filiados do PROS e de partidos aliados para iniciar oficialmente as negociações sobre a decisão de migrar ou não para o PDT.

O encontro do grupo político liderado pelos irmãos Cid e Ciro Gomes com os demais aliados acertou que a decisão definitiva sobre uma possível migração partidária será debatida sem pressa e deve ser finalizada, no mais tardar, até o fim de agosto ou mesmo setembro, para aguardar o avanço das votações da reforma política. O ex-ministro Cid Gomes assegurou, no entanto, que há somente duas alternativas em análise: a permanência no PROS ou a ida para o PDT.
A principal reclamação que o grupo político mantém contra o PROS é a dependência dos comandos estadual e municipais da legenda à direção nacional. "O PROS tem uma diferença. Para fazer uma filiação em qualquer município do Brasil tem que ser junto à nacional. Há uma centralização de filiações e isso deixa inseguras todas as pessoas filiadas", explicou Cid Gomes.
O ex-ministro ressaltou que essa demanda já foi transmitida à direção nacional e revelou que uma alteração nesse modelo adotado pelo PROS é um dos condicionantes para que o grupo tenha uma definição. "Já estou junto à direção nacional para que isso possa ser alterado. Se não conseguir essa alteração, nós vamos canalizar, no momento certo, o momento de ir para um outro partido", frisou.
Cid Gomes esclareceu também que qualquer decisão será tomada com base no avanço das votações da reforma no Congresso Nacional que deve alterar algumas regras eleitorais.
Conjectura
"Hoje não é uma reunião de decisão. Essa é uma reunião em que a gente procura compartilhar as decisões, ver a realidade de cada um dos municípios do Estado do Ceará. Discutir também a conjectura sobre quais serão as mudanças nas regras eleitorais para que a gente, à luz dela, possa tomar a nossa decisão", destacou o ex-ministro Cid Gomes em entrevista antes do início do encontro.
Qualquer decisão definitiva, segundo o ex-governador Cid Gomes, será feita de forma coletiva, ouvindo a bancada federal do partido e as demais lideranças do grupo político. "Queremos que todas essas decisões sejam feitas em grupo, a partir do nosso grupo no Ceará e levando em conta também a bancada deputados federais que pertencem ao PROS", acrescentou.
Cid salientou que, dos 12 deputados federais do PROS, só dois devem seguir rumos individuais: Miro Teixeira (RJ) deve ir para a Rede Sustentabilidade, caso a criação seja efetivada, e Pastor Ronaldo Fonseca (DF) mira um partido em criação ligado à Igreja Assembleia de Deus.
No encontro com os aliados, Cid deixou clara a preocupação sobre a aprovação da "janela" que abre possibilidade de troca de partidos em um período delimitado sem que filiados tenham mandatos questionados. "Mesmo que não seja aprovada a janela partidária, temos tempo. Nosso tempo é setembro", reforçou.
Dúvidas
O encontro também serviu para que prefeitos filiados ao PROS ou a partidos aliados tirassem dúvidas sobre a segurança jurídica de trocar de legenda. Ciro Gomes ressaltou que mandatos de prefeito e governador estão isentos de questionamentos, além dos vereadores que foram eleitos por outros partidos e mudaram para o PROS. A preocupação central, destacou Ciro, refere-se aos deputados eleitos pelo PROS no ano passado.
Questionado se o interesse de disputar a presidência da República em 2018 seria levada em consideração nessa decisão, Ciro Gomes limitou-se a relatar as aflições que mantém em relação ao cenário político no Ceará e no Brasil. Ele disse estar preocupado não somente com o "desastre econômico" brasileiro, mas com a escalada de um "ódio fascista" que traz riscos à manutenção da democracia.
"Em relação ao País, ando preocupado não só com o desastre econômico que começará a subtrair renda e empregos. Mas estou preocupado com a democracia na medida em que há um ódio meio fascista tomando lugar de um debate mais reflexivo que formule crítica ao Governo dentro do reconhecimento da regra democrática", pontuou.
Apesar de defender que a única saída é do campo democrático, sem tentativas de golpe, Ciro Gomes fez duras críticas ao Governo Federal, principalmente em relação à política econômica adotada no País, cujo personagem central é o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

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