Expedição mobiliza pela conservação do Rio Poty.

Resultado de imagem para rio potyQuiterianópolis. A partir desta quinta-feira (30), ambientalistas, representantes de organizações não governamentais (ONGs) e dirigentes de órgãos públicos realizarão uma missão desafiadora entre os Estados do Piauí e Ceará. Um grupo vai percorrer cerca de mil quilômetros, numa expedição ecológica até a nascente do Rio Poty, passando pelo seu cânion, lugar de grande beleza.
A missão seguirá até o próximo domingo (2), quando os expedicionários retornarão à Teresina. Até lá, o grupo visitará as cidades de Campo Maior, Juazeiro do Piauí, Castelo do Piauí e Buriti dos Montes, no Estado vizinho. No Ceará, percorrerão Crateús, Novo Oriente e Quiterianópolis, onde está situada a nascente do Rio Poti.
Unidades de Conservação
A missão, realizada pelo Instituto CO2 Zero, tem como objetivo prospectar áreas com potencial para a criação de Unidades de Conservação, em especial, na nascente e na região do cânion do rio, e também a realização de audiências públicas nas cidades de Buriti dos Montes (PI), Crateús e Quiterianópolis (CE), no sentido de ouvir as demandas da sociedade local em relação às questões ambientais, bem como costurar uma agenda comum entre os dois Estados, governo federal e sociedade civil, como mecanismo de produção de uma política preservacionista democrática e participativa para toda a bacia do rio.
O organizador da expedição é o cientista social, especialista em Gestão Pública e Conservação de Arte Rupestre, Rubens Luna. Ele é membro do Instituto CO2 Zero, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), com sede em Brasília, a qual desenvolve projetos de sustentabilidade em parceria com os entes públicos e iniciativa privada que contribuam para a transição da sociedade rumo à economia de baixo carbono.
Segundo Rubens Luna, a comitiva especial será formada por representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - Seccional Piauí e Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Piauí, patrocinadores da "Expedição Poty".
Membros da Secretaria de Meio Ambiente de Teresina, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) do Piauí, da Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Ceará, da Secretaria de Meio Ambiente de Crateús, da Secretaria de Meio Ambiente e Câmara Municipal de Quiterianópolis também participarão.
"A Expedição Poty é fruto de um esforço concentrado de muitas mãos em conjunto, porém parte da pesquisa que já realiza há 20 anos sobre esta importante bacia hidrográfica que redundou na montagem do projeto: Mosaico de Unidades de Conservação para o Cânion do Rio Poty. A Comissão de Meio Ambiente da OAB/PI, presidida por Esdras Nery, tomou conhecimento do projeto e realizou uma Audiência Pública na sua sede, que contou com diversas instituições representativas dos Estados do Piauí e do Ceará. Ali, apresentei o projeto aos presentes, onde foram relacionadas várias deliberações, dentre as quais: a formação de um grupo de estudo para avaliar o projeto, e a realização da expedição que ora se concretiza", acrescentou.
Nascente
A partir deste segundo semestre a Associação Caatinga, começara a desenvolver o projeto "Água Preservada", em continuidade dos trabalhos de preservação das nascentes do Rio Poti, no Sertão dos Inhamuns. Como as fontes estão localizadas em Quiterianópolis, parte da ação está sendo concentrada nesse Município. Das 20 nascentes do Poti identificadas, apenas três estão situadas dentro da Reserva Natural da Serra das Almas, uma Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN). O restante fica em propriedades particulares. Os trabalhos ambientais foram iniciados em 2011.
Conforme um dos membros do Comitê de Bacias Hidrográficas (CBH) dos Sertões de Crateús, Cícero Lacerda, no seu Município, as águas que formam as nascentes brotam de dois pontos, no pé da Serra do Araripe, no distrito de Algodões, mais precisamente na Fazenda Jatobá, a cerca de 40 quilômetros de Quiterianópolis. Uma das nascentes surge no Olho D'água do Fundão, uma piscina natural, escondida numa caverna. A outra, no Olho D'água da Gameleira, que aparece no tronco de uma árvore com esse mesmo nome.
"A área é uma propriedade particular, mas encontra-se preservada. Membros do CBH, um colegiado formado por representantes do poder público e da sociedade civil, e a Secretaria do Meio Ambiente de Quiterianópolis, estão dialogando com o proprietário da área e propondo que ele a transforme em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). O proprietário da área da nascente já se mostra interessado em desenvolver ações que preservem aquela área e busca apoio para colocar esse projeto em prática. Agricultores que produzem nas margens do Poti já cultivam horticultura nos quintais produtivos e adotam o plantio em forma de mandalas para diminuir os impactos ambientais da atividade agrícola", ressaltou.
Entretanto, o Rio Poti sofre com a degradação e muitos trechos estão assoreados. Em alguns deles está muito raso e quase completamente soterrado. Umas das causas para essa situação é o uso impróprio das suas margens, principalmente a aragem das terras das várzeas ou baixios para prática da agricultura de sequeiro e criação de animais. Aproximadamente 30 comunidades margeiam o Poti. Ele abastece os principais reservatórios da região, o Açude Colinas; e o de Novo Oriente, o Flor do Campo, completou Lacerda.
Fique por dentro
Águas correm entre os Estados do Ceará e Piauí
A Bacia do Rio Poti abrange aproximadamente 52 mil quilômetros quadrados. O Rio, com extensão de 450 quilômetros, nasce na Serra da Joaninha, no Município de Quiterianópolis, no Sertão de Crateús, Estado do Ceará, e segue no sentido sul-norte, passando pelo município de Novo Oriente e pela cidade de Crateús, onde passa a correr no sentido leste-oeste. Ele serpenteia por alguns municípios do Piauí e alcança a cidade de Teresina, até desaguar no Rio Parnaíba, na capital piauense.

Mais informações:
Instituto CO2 Zero
Av. W3 Sul Quadra 502 Bloco C
Loja 37 Asa Sul - Brasília
Telefone: (61) 3221-1039
E-mail: contato@co2zero.eco.br

Alex Pimentel
Colaborador


Fonte. Diário do Nordeste

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