Banco do Nordeste quer foco em cidades e empresas medianas.

Uma das metas é a aplicação mais eficaz do Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Nordeste (FNE).

Image-0-Artigo-1895697-1Na semana em que completa 63 anos, celebrado no último domingo, dia 19, mas que será comemorado formalmente no dia 31, com a realização do XXI Fórum Banco do Nordeste de Desenvolvimento, o presidente do BNB, Marcos Holanda, antecipa algumas mudanças estratégicas nas áreas de atuação do banco e já começa a pavimentar a estrada por onde pretende trilhar.
Há pouco mais de dois meses à frente da instituição, que contabiliza 23 presidentes nesses mais de 60 anos de criação e cinco gestores nos últimos quatro anos, Holanda anuncia alterações no foco de investimentos do BNB, a partir de estudos para atuar de forma mais agressiva no fomento de médias empresas e de novos negócios em cidades de porte mediano, fora das regiões metropolitanas.
"Queremos identificar e conhecer a rede de cidades médias que possam promover a região", destacou Holanda, para quem o desenvolvimento do Nordeste passa, essencialmente, pelo fortalecimento econômico de cidades polos, que têm potencial para se tornarem referências nos Estados, na região, mas que não estejam, necessariamente, nas regiões metropolitanas. Nessas cidades, explica, as médias empresas com potencial produtivo e inovador devem ser dinamizadas para que possam crescer e se tornar grandes empresas.
 
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  Para o presidente do BNB, Marcos Holanda, as médias empresas com potencial produtivo devem ser dinamizadas para se tornarem grandes.


Assegurar infraestrutura
"As micro e pequenas empresas são um foco (de atuação), mas o banco não pode subestimar o potencial que as médias empresas têm no processo de desenvolvimento da Região", ressalta Holanda, ao ratificar a missão do banco de fomentar o desenvolvimento regional. O foco agora é buscar assegurar a infraestrutura necessária para que os micro e pequenos negócios progridam, se tornem médias empresas, e estas se transformem em grandes empreendimentos.
"O desenvolvimento do Nordeste não pode ser centralizado nas regiões metropolitanas e baseado apenas em arranjos produtivos locais (APLs)", alerta Holanda. "O problema é que os governos (estaduais) querem induzir a criação de APLs, exercendo uma função que não é deles, e os resultados nem sempre são produtivos", acrescenta. "Do ponto de vista do desenvolvimento do Nordeste, aumentar o número de médias empresas seria um grande avanço", avalia o economista. Ele garante, no entanto, que as micro e pequenas continuarão a ser estimuladas, com linhas de crédito especiais e assistência gerencial, assim como os pequenos produtores rurais e os arranjos produtivos locais naturais (APLs) continuarão a ser fomentados e a receber todo o apoio e suporte do banco.
Holanda cita como exemplos de APLS naturais que se desenvolveram e que continuarão a ser fomentados, os polos de confecção de Caruaru, em Pernambuco, o polo tecnológico de Campina Grande, na Paraíba; o polo calçadista do Cariri, no Ceará, além das fronteiras agrícolas nordestinas, dentre outros.
'FNE é a fonte'
Com um olhar no futuro, sem esquecer a missão histórica de desenvolvimento regional, e em meio à crise econômica e política do presente, Holanda descartou a transformação do BNB em um banco comercial; política que começou a ganhar corpo na instituição nos últimos dois anos. Ele voltou a defender o fortalecimento da instituição e consequente promoção do desenvolvimento do Nordeste, a partir da aplicação mais eficaz e eficiente dos recursos do FNE (Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Nordeste).
"O banco (demais gestores) deve entender que o FNE é o grande instrumento (fonte de receitas) do BNB. O FNE é um monopólio do banco, é um privilégio que gera demandas e responsabilidades na aplicação dos seus recursos", avisa.
"O FNE (recursos) deve chegar na economia (no mercado), gerar valor agregado, ser capaz de viabilizar bons negócios, criar infraestrutura nas cidades para que se tornem competitivas e atrativas para os investidores, para os empreendedores", defendeu o economista.
"O Banco foi criado no passado, se justifica no presente e se fortalecerá no futuro se for um banco de desenvolvimento", declarou, repetindo uma frase que marcou o seu discurso de posse, em 15 de maio passado.
Comercial
Para ele, a área comercial deve ser valorizada, mas compreendida como complementar ao objetivo maior do banco que é promover o desenvolvimento. "O BNB é um banco de desenvolvimento múltiplo e não um banco múltiplo de desenvolvimento", compara, reforçando que não é meta, nem função da entidade competir com as instituições financeiras privadas comerciais.
O economista reconhece, porém, que os R$ 13 bilhões anuais do FNE não são suficientes para promover a economia da Região, e que a instituição precisa de outros "fundings", outras fontes de recursos para suprir a carência de financiamentos que as empresas e os pequenos produtores tanto necessitam.
Por objeções da lei de mercado de capitais, ele não fala em números, nem antecipa os resultados financeiros do primeiro semestre deste ano, antes da divulgação oficial do balanço do período, mas confirma que o banco já sente os reflexos da atual conjuntura econômica.
Disponibilidade
Para este ano, o BNB deve dispor de cerca de R$ 27,2 bilhões, dos quais 55% são oriundos do FNE, para investir na região. Além do apoio do Fundo Constitucional, do FDNE e da parceria com o BNDES, o banco conta com uma grande capilaridade de agências para captação de recursos, não só no mercado doméstico, mas também externo, recursos dos quais não pode prescindir, nem abrir mão.

Diário do Nordeste

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