
Há pouco mais de dois meses à frente da instituição, que contabiliza 23
presidentes nesses mais de 60 anos de criação e cinco gestores nos
últimos quatro anos, Holanda anuncia alterações no foco de investimentos
do BNB, a partir de estudos para atuar de forma mais agressiva no
fomento de médias empresas e de novos negócios em cidades de porte
mediano, fora das regiões metropolitanas.
"Queremos identificar e conhecer a rede de cidades médias que possam
promover a região", destacou Holanda, para quem o desenvolvimento do
Nordeste passa, essencialmente, pelo fortalecimento econômico de cidades
polos, que têm potencial para se tornarem referências nos Estados, na
região, mas que não estejam, necessariamente, nas regiões
metropolitanas. Nessas cidades, explica, as médias empresas com
potencial produtivo e inovador devem ser dinamizadas para que possam
crescer e se tornar grandes empresas.

Para o presidente do BNB, Marcos Holanda, as médias empresas com
potencial produtivo devem ser dinamizadas para se tornarem grandes.
Assegurar infraestrutura
"As micro e pequenas empresas são um foco (de atuação), mas o banco não
pode subestimar o potencial que as médias empresas têm no processo de
desenvolvimento da Região", ressalta Holanda, ao ratificar a missão do
banco de fomentar o desenvolvimento regional. O foco agora é buscar
assegurar a infraestrutura necessária para que os micro e pequenos
negócios progridam, se tornem médias empresas, e estas se transformem em
grandes empreendimentos.
"O desenvolvimento do Nordeste não pode ser centralizado nas regiões
metropolitanas e baseado apenas em arranjos produtivos locais (APLs)",
alerta Holanda. "O problema é que os governos (estaduais) querem induzir
a criação de APLs, exercendo uma função que não é deles, e os
resultados nem sempre são produtivos", acrescenta. "Do ponto de vista do
desenvolvimento do Nordeste, aumentar o número de médias empresas seria
um grande avanço", avalia o economista. Ele garante, no entanto, que as
micro e pequenas continuarão a ser estimuladas, com linhas de crédito
especiais e assistência gerencial, assim como os pequenos produtores
rurais e os arranjos produtivos locais naturais (APLs) continuarão a ser
fomentados e a receber todo o apoio e suporte do banco.
Holanda cita como exemplos de APLS naturais que se desenvolveram e que
continuarão a ser fomentados, os polos de confecção de Caruaru, em
Pernambuco, o polo tecnológico de Campina Grande, na Paraíba; o polo
calçadista do Cariri, no Ceará, além das fronteiras agrícolas
nordestinas, dentre outros.
'FNE é a fonte'
Com um olhar no futuro, sem esquecer a missão histórica de
desenvolvimento regional, e em meio à crise econômica e política do
presente, Holanda descartou a transformação do BNB em um banco
comercial; política que começou a ganhar corpo na instituição nos
últimos dois anos. Ele voltou a defender o fortalecimento da instituição
e consequente promoção do desenvolvimento do Nordeste, a partir da
aplicação mais eficaz e eficiente dos recursos do FNE (Fundo
Constitucional de Desenvolvimento do Nordeste).
"O banco (demais gestores) deve entender que o FNE é o grande
instrumento (fonte de receitas) do BNB. O FNE é um monopólio do banco, é
um privilégio que gera demandas e responsabilidades na aplicação dos
seus recursos", avisa.
"O FNE (recursos) deve chegar na economia (no mercado), gerar valor
agregado, ser capaz de viabilizar bons negócios, criar infraestrutura
nas cidades para que se tornem competitivas e atrativas para os
investidores, para os empreendedores", defendeu o economista.
"O Banco foi criado no passado, se justifica no presente e se
fortalecerá no futuro se for um banco de desenvolvimento", declarou,
repetindo uma frase que marcou o seu discurso de posse, em 15 de maio
passado.
Comercial
Para ele, a área comercial deve ser valorizada, mas compreendida como
complementar ao objetivo maior do banco que é promover o
desenvolvimento. "O BNB é um banco de desenvolvimento múltiplo e não um
banco múltiplo de desenvolvimento", compara, reforçando que não é meta,
nem função da entidade competir com as instituições financeiras privadas
comerciais.
O economista reconhece, porém, que os R$ 13 bilhões anuais do FNE não
são suficientes para promover a economia da Região, e que a instituição
precisa de outros "fundings", outras fontes de recursos para suprir a
carência de financiamentos que as empresas e os pequenos produtores
tanto necessitam.
Por objeções da lei de mercado de capitais, ele não fala em números,
nem antecipa os resultados financeiros do primeiro semestre deste ano,
antes da divulgação oficial do balanço do período, mas confirma que o
banco já sente os reflexos da atual conjuntura econômica.
Disponibilidade
Para este ano, o BNB deve dispor de cerca de R$ 27,2 bilhões, dos quais
55% são oriundos do FNE, para investir na região. Além do apoio do
Fundo Constitucional, do FDNE e da parceria com o BNDES, o banco conta
com uma grande capilaridade de agências para captação de recursos, não
só no mercado doméstico, mas também externo, recursos dos quais não pode
prescindir, nem abrir mão.
Diário do Nordeste
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