Os passageiros do voo O6 6376 tomaram um susto, na manhã de ontem (15), logo após decolar do Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes, às 8h25. O destino era Fortaleza. A aeronave, da empresa aérea Avianca Brasil, colidiu com um carcará (caracara plancus), que foi sugado pela turbina. Logo após atingir a ave, o avião começou a tremer e o piloto optou por pousá-lo em seguida. Em 2018, cinco colisões com animais foram registradas no espaço aéreo do Município.
Segundo os passageiros, pouco depois da decolagem, o avião começou a
vibrar e não conseguia alcançar a altura e a velocidade normais. "Com 10
minutos de voo, ele anunciou que retornaria porque teve um problema no
motor. De imediato, não disse o que tinha acontecido, mas, conforme o
avião começou a balançar, ele informou que tinha sido uma ave que foi
pega na turbina", descreve um passageiro.
Segundo o Sistema de Gerenciamento de Risco Aviário (Sigra),
responsável pelos registros de colisão com aves no espaço aéreo
brasileiro, o pouso foi feito por precaução, mas o motor não teve danos.
Conforme a empresa área, o procedimento foi realizado normalmente e os
91 passageiros ficaram em um hotel até serem reacomodados no voos
seguintes para a capital cearense, que partiram na mesma noite e na
manhã de hoje (15).
Por conta da retenção do avião para inspeção, o voo O6 6373, saindo de
Fortaleza com destino a Guarulhos, em São Paulo, foi cancelado. A
Companhia disse, em nota, que ofereceu o atendimento aos passageiros e
reacomodando-os nas próximas saídas para a capital paulista. Ainda no
comunicado, a Avianca Brasil lamentou o desconforto causado aos clientes
e ressaltou que a segurança de seus passageiros e colaboradores é sua
principal prioridade.
Incidentes são comuns
Colisões entre aeronaves e fauna, principalmente aves, conhecidas no
Brasil como "risco de fauna", são o tipo de incidente mais repetitivo na
aviação mundial e representam hoje uma das maiores preocupações para o
setor aéreo.
Eventos desta natureza já vitimaram mais de 470 pessoas e custam
aproximadamente US$ 3 bilhões anualmente. Uma das grandes dificuldades
para atuar na mitigação deste problema é a baixa porcentagem de colisões
reportadas ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos (Cenipa), apenas 31,71%.
No caso de ontem, o carcará tinha entre 751 centímetros a 1,5 metro,
tamanho considerada grande pelo Órgão. No entanto, outras quatro
colisões já aconteceram no espaço aéreo de Juazeiro do Norte, apenas em
2018. Estes incidentes envolveram a mesma espécie e três quero-queros.
No caso do Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes, logo após a pista de
decolagem, há um riacho corta o bairro Brejo Seco, que pode atrair as
duas espécies.
Além das colisões, o Sistema de Gerenciamento de risco aviário também
registra avistamento de animais e quase colisões. Ano passado, na Terra
do Padre Cícero, houve 54 registros e, destes, 24 são colisões, mas
nenhuma delas danificou a nave ou foi necessária algum pouso de
emergência. Os incidentes acontecem em diferentes fases do voo, como
pouso, aproximação e decolagem, mas também com animais terrestres,
durante o estacionamento, o táxi e a revisão da pista, por exemplo.
No entanto, os 54 registros e, destes, 24 colisões podem parecer altos,
se comparados a Fortaleza. Na capital cearense, que teve 52.290 pousos e
decolagens, em 2017, aconteceram 37 colisões com animais. Juazeiro do
Norte, que possui um número de voos seis vezes menor, 8.710, alcança
mais da metade do registro de incidentes. Se somados os avistamentos e
quase colisões, o Aeroporto Pinto Martins teve 57 registros, no ano
passado, apenas três a mais que o Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes.
Diário do Nordeste
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