A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta quinta-feira (10), a 36ª fase da Operação Lava Jato, intitulada Operação Dragão, com o objetivo de investigar dois importantes operadores financeiros responsáveis pela movimentação de recursos de origem ilegal,
principalmente oriundos de relações criminosas entre empreiteiras e
empresas sediadas no Brasil com executivos e funcionários da Petrobras.
No Ceará, a PF cumpre um mandado de busca e apreensão na cidade de Jaguaruana,
localizada na região do Jaguaribe, distante 183 quilômetros de
Fortaleza. Cerca de 90 policiais federais estão cumprindo 18 ordens
judiciais que, além do Ceará, realiza mandados de busca e apreensão em
cidades dos estados de São Paulo e Paraná.
Crimes e investigados
São apuradas as práticas, dentre outros crimes, de corrupção,
manutenção não declarada de valores no exterior e lavagem de dinheiro.
Os principais alvos são os operadores financeiros que atuavam para a Odebrecht: Assad e Rodrigo Tacla Duran.
Ambos são alvos de mandados de prisão preventiva expedidos pelo juiz
Sergio Moro. Assad já está preso em Curitiba, e Duran ainda não foi
detido por estar fora do País, segundo a PF. Eles são apontados em
delação como operadores utilizados para pagamentos indevidos pelo Setor
de Operações Estruturadas, o ''departamento da propina''.
Segundo Vincius Borin, delator que atuava no banco comprado por
funcionários da empresa no exterior para efetuar pagamentos irregulares,
as offshore utilizadas por Tacha Duran eram utilizadas nas operações
chamadas de “kibe” e “dragão”.
O advogado Rodrigo Tacla Duran, apontado como um dos operadores das offshores criadas pelo “departamento de propina da Odebrecht”, recebeu R$ 36 milhões de empreiteiras
investigadas na Lava Jato, entre elas, a UTC, Mendes Júnior e EIT. Os
dados constam em pedido de quebra de sigilo de empresas que, segundo o
MPF, são suspeitas de escoar a propina da Mendes Júnior. Somente da
Mendes Júnior, o escritório Tacla Duran Sociedade de Advogados, entre
2011 e 2013, recebeu R$ 25 milhões. Da UTC foram R$ 9 milhões e da EIT
outros R$ 2 milhões.
Até então, os investigadores tinham conhecimento apenas da atuação de
Tacla Duran em transações envolvendo as contras secretas da Odebrecht.
Com a quebra de sigilo das construtoras, os investigadores descobriram
que duas empresas de TaclaDuran foram beneficiárias de pagamentos
milionários.
Nome da operação
O nome “dragão” dado à investigação policial é uma referência aos
registros na contabilidade de um dos investigados que chamava de
“operação dragão” os negócios fechados com parte do grupo criminoso para
disponibilizar recursos ilegais no Brasil a partir de pagamentos
realizados no exterior.
Três operações
Assad foi preso pela primeira vez na Lava Jato em março de 2015, na
décima fase da operação. No final do ano, porém, foi para a prisão
domiciliar em São Paulo por uma decisão do STF (Supremo Tribunal
Federal). Em agosto deste ano, Moro determinou que ele voltasse à
prisão. O operador foi condenado na Lava Jato a 9 anos e 10 meses de
prisão por lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Assad foi alvo de outras operações da PF nos últimos meses, como a
Saqueador, relacionada ao empresário Carlinhos Cachoeira e a construtora
Delta, e a Pripyat, sobre suposta propina Eletronuclear.
No início do ano, o então senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS),
cassado em maio, disse, em acordo de delação, que Assad gerenciava o
caixa dois na campanha de Dilma Rousseff à Presidência em 2010, o que
ela nega.
O Ministério Público paulista também o denunciou neste ano sob suspeita
de participação em desvios em obras do governo do Estado, administrado
pelo PSDB.
Offshores
Também não é a primeira vez que Rodrigo Duran aparece na Lava Jato.
Advogado, ele é apontado nas investigações como um dos operadores das
offshores criadas pelo departamento de Operações Estruturadas da
Odebrecht, que cuidava do pagamento de propina da empresa.
Duran foi citado na delação de Vinicius Veiga Borin, que trabalhou nos
bancos Antigua Overseas Bank e Mein Bank, como um dos responsáveis por
um grupo de offshores que operacionalizava pagamentos do setor de
propina do grupo baiano.
Outro lado
O advogado de Adir Assad, Miguel Pereira Neto, disse que vai tomar
conhecimento dos fatos para saber quais medidas adotará em relação a
mais esse pedido de prisão.
Diário do Nordeste
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