Desempenho da Econômia Brasileira supera projeções dos mais econômistas pessimistas.

A indústria foi o setor que mais fechou postos em 2015, tendo eliminado 414.075 empregos com carteira assinada no Brasil até novembro.


Após diversas turbulências, 2015 vai chegando ao fim e não deixará saudade. Isso porque o ano foi tão ruim que superou até as projeções mais pessimistas feitas em janeiro por economistas e analistas de mercado. Como se não bastasse, a situação foi ainda mais agravada pela crise política entre o Congresso Nacional e o Planalto Central, o que criou dificuldades para o governo atingir suas metas anuais.
O Produto Interno Bruto (PIB) nacional era projetado em 0,5% no início de 2015, o que começou a sair da realidade já no meio do ano, quando o País entrou em recessão. Agora, os economistas projetam um encolhimento de 3,5% no PIB deste ano, tornando este o dado mais representativo da piora do crescimento econômico nacional.
O comércio também não está vendendo como antes, o que impulsionou a indústria a reduzir seu ritmo de produção. O setor industrial, aliás, foi o que mais fechou postos em 2015, haja vista que eliminou 414.075 empregos com carteira assinada em todo o Brasil até novembro. Construção civil (-309.226), comércio (-183.348) e serviços (-97.570) também tiveram grande retração nas vagas formais. Ao todo, 945.363 empregos celetistas foram fechados no País em 2015, o que fez com que a taxa de desemprego nacional, que antes batia recordes de baixa, já ronde o patamar de 10%.
Inflação
O consumidor também viu diversos produtos e serviços ficarem mais caros ao longo de 2015. A energia elétrica do brasileiro, por exemplo, subiu 50,49% neste ano, assim como a gasolina, que já acumula alta de 18,6% no País. A inflação, portanto, acabou refletindo essas elevações.
Prova disso é que, no início do ano, a estimativa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) era de 6,5% (teto da meta do governo), algo que está bem distante da atual situação do País, posto que os economistas já projetam uma inflação próxima de 10% para o fechamento deste ano.
Com a inflação aumentando, o Banco Central (BC) não pensa duas vezes na hora de aumentar as taxas de juros na tentativa de conter o avanço dos preços. No começo do ano, a previsão dos especialistas era que a taxa Selic chegaria a 12,5% no fim de 2015. Em novembro, entretanto, a taxa já havia sido elevada ao patamar atual de 14,25%.
Dólar
O que também surpreendeu o mercado e os consumidores ao longo de 2015 foi o comportamento do dólar. Em janeiro, especialistas esperavam que a moeda chegasse ao fim do ano custando R$ 2,75. Em setembro, porém, a cotação bateu os R$ 4. No último fechamento de mercado, realizado na quinta-feira (24), a moeda americana foi a R$ 3,95. Dessa forma, o real vai terminando 2015 como a moeda de pior desempenho do mundo, com desvalorização perante ao dólar já chegando a 35%.
Opinião do especialista
Crise política intensificou quadro negativo
Ricardo eleutério - Economista

Houve uma deterioração econômica muito profunda em 2015. Esse quadro foi bastante amplificado pela crise política. Se a gente fizer um olhar para países emergentes, como Chile e Argentina, eles também estão com uma situação um pouco difícil, mas essa nossa recessão é bem maior por conta da nossa crise política.
O cenário para 2016 também é difícil. A inflação permanecerá elevada, e o dólar continuará sendo pressionado para cima. As agências de classificação de risco podem produzir mais cortes. Não se visualiza o equilíbrio fiscal. A taxa básica de juros (Selic) continuará elevada ou até pode aumentar. Como é difícil visualizar uma solução para a crise política, também é difícil visualizar uma solução para a crise econômica.

Diário do Nordeste

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