Receita da exportação da fruta saltou de
US$ 5,4 milhões para US$ 10,5 milhões
entre 2014 e 2015.
Venda da fruta para o exterior deve aumentar ainda mais neste ano.
Até outubro deste ano, a receita oriunda da exportação de melancia no
Ceará quase dobrou em relação ao mesmo período do ano passado, tendo
apresentado uma taxa de crescimento de 48%. A comercialização da fruta
ao mercado externo movimentou em torno de US$ 10,5 milhões frente a US$
5,4 milhões contabilizados em igual período de 2014, conforme dados do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Segundo Luiz Roberto Barcelos, sócio e diretor de produção da Agrícola
Famosa, o grande volume de exportação se deu por conta do aumento da
produção de melancia no Estado, consequência da maior demanda externa.
"Deve aumentar ainda mais - estamos fechando contatos com os Estados
Unidos agora e, para a Europa, conseguimos uma variedade com vida útil
maior e que agrada mais aos paladares", apontou.
Na mesma linha de crescimento, a venda de mamões frescos também
terminou o mês de outubro em saldo positivo. Com aumento de 12,3%, a
exportação da fruta movimentou US$ 3,4 milhões neste ano ante a US$ 1,3
milhões no mesmo intervalo do ano anterior. Segundo Barcelos, a produção
do mamão é nova no Estado e tem potencial para aumentar ainda mais nos
próximos anos.
O sucesso da exportação das frutas acontece, porém, em um período de
dificuldades para o agronegócio por conta da escassez de água. Até
outubro, as exportações do setor caíram 7,21%. Foram movimentados US$
532,5 milhões em 2015 ante US$ 573,9 milhões no mesmo período do ano
passado, totalizando uma perda de US$ 41 milhões - queda puxada
principalmente pelo couro, cuja exportação caiu em 25,48%.
Melão
A fruta mais exportada pelo Estado, por exemplo, teve uma pequena
retração da receita gerada (-0,99%). Na avaliação do empresário, já é
"um milagre" não ter caído ainda mais, dadas as dificuldades com a
irrigação por conta da falta de água. "Está complicado. É uma seca
bastante severa - se não houver chuvas regulares, a produção deve cair
pela metade já no próximo ano", disse Barcelos.
Ele apontou que, para escapar do cenário, a empresa se prepara para
desviar parte da produção da fruta para o Piauí, onde existem invernos
mais generosos. "Pelo menos até a oferta de água se regularizar
novamente", estima sobre a permanência no estado vizinho.
Sucos
No total, a fruticultura movimentou mais de US$ 153,3 milhões de
janeiro a outubro deste ano, cerca de US$ 1,4 milhão a mais que no mesmo
intervalo do ano anterior, totalizando um crescimento de 0,98%.
Também cresceu a exportação de sucos, com aumento de 17,57% no período.
A categoria movimentou US$ 39,4 milhões em 2015, US$ 5,8 milhões a mais
que no mesmo intervalo do ano passado. Já a exportação de outros
produtos de origem vegetal aumentou 35,7% - o setor registrou receita de
37,9 milhões, um incremento de US$ 9,8 milhões em relação a 2014.
Estiagem
De acordo com Eduardo Bezerra, superintendente do Centro Internacional
de Negócios do Ceará (CIN/CE), o problema enfrentado pelo agronegócio é
essencialmente climático e não tem relação com a crise econômica
brasileira. "Produto alimentício dificilmente sofre restrição por conta
de crise. O El Niño é o grande vilão", apontou.
Segundo o superintendente, a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos
do Ceará (Cogerh) já começou a racionar a oferta de água para a
agricultura irrigada por conta do cenário de estiagem prolongada.
"Se corta a oferta de água para a irrigação, corta a oferta de frutas
para as exportações. Elas estão caindo por uma questão muito justificada
de economia de água. E se olhar pra frente, 2016 é uma incógnita",
afirma Eduardo Bezerra.
Com 80% de chance de ter mais um ano de chuvas irregulares, o cenário
fica cada vez mais difícil. Para Bezerra, as águas do rio São Francisco
não chegarão no meio do próximo ano, conforme prometido pelo governo,
ainda que a obra seja concluída, por conta da vazão do rio. "O Rio São
Francisco precisa ultrapassar o nível da parede da transposição para que
chegue aos demais estados e, para isso, dependemos da chuva em Minas
Gerais", explica o superintendente. "Em 17 anos de observação do
fenômeno El Niño, que é o aquecimento das águas do Pacífico, em 15 houve
seca no Nordeste. Em dois, não houve. Vamos esperar que 2016 faça parte
dessa exceção", estimou Bezerra.
Diário do Nordeste
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