A suspensão de concursos públicos federais em 2016 anunciada, na última
segunda-feira (14), pelo Ministério do Planejamento deixou preocupadas
diversas pessoas que se dedicam exclusivamente aos estudos em busca de
uma vaga como funcionário público.
Em Fortaleza, alguns estudantes de cursos especializados em concursos
já afirmam que a decisão atrapalha o planejamento pessoal, e criticam a
medida. Pedro Henrique prepara-se desde março para o certame de seleção
para o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). "Ainda estou com
dúvidas se a prova vai acontecer, pois o edital já foi autorizado. De
fato, o governo precisava cortar custos, mas acho que esse reajuste
podia ser feito em outros cantos. Você não vê cortarem os salários dos
deputados, por exemplo. Mas, para quem está se matando de estudar para
concursos, levar um golpe como esse realmente atrapalha e desmotiva",
expõe.
Já para Boni Oliveira, professor de cursos voltados a concursos
públicos, a decisão, apesar de ter sido uma surpresa, não acontece pela
primeira vez e não é motivo para que os alunos deixem de se dedicar.
"Isso acontece quando o governo quer fazer mudanças em relação a alguma
coisa, e isso já foi visto em 2008 e em 2011. Os alunos estão
apreensivos, mas é algo temporário e diz respeito apenas aos concursos
federais do Poder Executivo. Nós também preparamos para cargos no Poder
Judiciário e Legislativo, em nível estadual e municipal", coloca o
professor.
Além disso, ele afirma que o momento pode ser visto como uma
oportunidade de se preparar melhor para futuras seleções. "Os alunos já
estão começando a contabilizar um pequeno prejuízo, mas podem se
preparar melhor e ganhar mais tempo. Acredito que, até a metade do ano
que vem, a situação vai se normalizar. Os concursos públicos vão voltar a
acontecer porque são uma necessidade do serviço público", diz Boni
Oliveira.
Cortes
A decisão de suspender as seleções para cargos públicos faz parte de um
pacote do governo federal para reduzir os gastos públicos e aumentar a
receita, com o objetivo de realizar uma economia de 0,7% do Produto
Interno Bruto (PIB) no ano que vem, chamado superávit primário. Ao todo,
são nove ações que pretendem cortar R$ 26 bilhões do orçamento de 2016.
No caso da suspensão dos concursos, a expectativa é economizar R$ 1,5
bilhão, valor previsto no Projeto de Lei Orçamentária Anual para a
criação de 25,6 mil vagas que deveriam ser ofertadas em 2016. O corte
não afeta os concursos autorizados.
Opinião do especialista
Tempo de reforçar os estudos
A notícia sobre a suspensão de concursos com corte no orçamento em R$
1,5 bilhão causou inúmeras dúvidas e medos para os que estudam ou
trabalham na área de concurso. Será 2016 um ano sem concursos? Haverá
uma drástica diminuição nos certames?
Afirmo que essas situações já existiram em outros anos de corte no
orçamento nos concursos públicos e que, no decorrer do ano, foram
sanadas, transcorrendo, assim, os concursos com a normalidade habitual.
Entendo que é tempo de reforçar os estudos, pois, diante da triste
notícia, existem dois fatos que acredito que irão se reverter em favor
de quem estuda. O primeiro é a eliminação do abono de permanência. A
previsão é que mais 123 mil servidores adquirirão nos próximos anos, ou
seja, sem o abono os servidores, irão se aposentar e vagar mais cedo
cargos para concursos. No próximo ano, os gastos com o abono seriam de
R$ 1,2 bilhão, mas essa proposta deve ser implementada através de emenda
constitucional. O segundo fato é a redução de uma média de R$ 200
milhões com corte de ministérios e cargos de confiança, o que poderá
também reverter para o concurso público.
Então, acredito que seja tempo de animação total nos estudos, pois,
após um tempo, o concurso público voltará com força total, nas vagas
canceladas, nos casos das vagas dos aposentados e dos cargos vagos de
comissionados.
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